Acadêmico Argemiro Repas (1936 – 2022)!
A Baixa Mogiana perde um ícone do jornalismo regional e prestigiado membro da Academia Itapirense de Letras e Artes
Faleceu
em Mogi Mirim (SP), na madrugada de 30 de abril de 2022, o jornalista e
radialista Argemiro Cifuentes Repas, mais conhecido como Miro Repas, aos
85 anos. Ele era, desde 1999, membro titular efetivo da Academia Itapirense de
Letras e Artes, da qual foi um dos grandes divulgadores na imprensa regional. O
presidente da entidade, - atualmente coordenada pelo P.E.N. Clube de Itapira -,
o escritor e também jornalista Thiago de Menezes, declarou “Diríamos, sem receios (exatamente por que
tivemos a ventura de conhecê-lo bem pelos muitos anos de convivência semanal)
que Argemiro Repas não era um homem comum: possuía luz própria na abrangência
de sua inspiração jornalística e também a literária que concebeu centenas de
crônicas imortalizadas no contexto de uma notável fluência de ideais que sempre
defendeu de maneira obstinada. Miro lapidou um modelo próprio que definiu sua
diretriz de vida passada e repassada em múltiplas vertentes exercidas no dia a
dia de um enfrentamento abastecido de sadio idealismo em tantos objetivos
alcançados.”.
Natural
de Pirajuí - interior de São Paulo, onde nasceu em 18 de maio de 1936, Miro
Repas se tornou referência do jornalismo mogimiriano, ao lado de outros grandes
expoentes da área de comunicação, como os saudosos Valter Abrucez e Arthur de
Azevedo, além de Mauro Adorno. Miro era dono de um texto ímpar, um poeta,
muitas vezes comparado ao renomado jornalista e sociólogo Joelmir Beting. Segundo
o Portal da Cidade de Mogi Mirim, “Ele tinha a arte de ‘bricar’ com as
palavras, deixando sua marca em todos seus textos, fossem crônicas ou
reportagens”. Na década de 1980, ele trabalhou nos jornais O Impacto e O
Regional, sendo que neste último, assinava uma coluna famosíssima, com o pseudônimo
de Leon de Passargada. Essa coluna seria publicada, anos depois, no jornal A
Cidade de Itapira, onde ele trabalhou por longos anos, praticamente toda a
década de 1990 e de 2000.
Argemiro
também marcou história na rádio, com boas histórias contadas na emissora Rádio
Cultura de Mogi Mirim. Miro Repas integrou uma época de ouro do rádio AM do
interior, principalmente através dos microfones da Rádio Cultura, cuja famosa
equipe era composta por Alair Belini, Roberto Rola Leite, Lalo Franco Ortiz.
Orlando Pintaca Branzatto, Dito Rocha, Eurico Madeira, Genézio, Edson Roberto
"Mosquito" Costa, Carlos Roberto Botelho, Sidney Barbosa Lima, Sr.
Mello, Jair Martins, Osvaldo Custódio, Maria Airam, Mogino a Mogianinho, Nelson
Patelli Filho, Artur de Azevedo, Luiz Cardoso, Orlindo Marçal,, Valter Abrucez,
Gebe, Ávaro Garcia Novo, (O Guto),Camilo, Alberto Cesar Iralah, André Luiz Avalino,
Jaçanã, Zé da Serra, Nhô Zóli, Jair Barbosa Martins, Luiz Carlos Índio Vital, Fernando Oliveira de
Abreu Sampaio - este, dirigindo - ao lado do seu pai e mestre Antônio Carlos de
Abreu Sampaio; Aluízio Nogueira, Álvaro Alves, Odinovaldo Dino Bueno, Carlos
Mathias, Paulo Roberto Tristão, Benegas,
Chilin, Dilson Antônio Albuquerque, José Lúcio Goi, José Carlos Tinini e
outros grandes radialistas e homens de comunicação que conviveram entre si
durante praticamente trinta anos, do começo dos anos 1980 até meados dos anos
2000, quando o rádio começou a perder sua força.
Argemiro
Cifuentes Repas foi amigo de Laudo Natel (o famoso “Governador caipira”), que
também era de sua região natal, tendo feito notórias incursões na política. Por
pelo menos 10 anos esteve assessor nas Administrações Municipais, dos ex-prefeitos
Netto e Ricardo Brandão. Na redemocratização do país, Repas fez campanha
ferrenha para o então candidato do MDB ao Governo de São Paulo, André Franco
Montoro, que acabaria sendo eleito. Enfrentou a ditadura militar sendo um
ardoroso defensor da emenda das Diretas Já (Dante de Oliveira). Para Miro, o
que importava era a democracia e a liberdade do povo brasileiro. Tanto que era
respeitado tanto pela direita quanto pela esquerda. A verdade é que ele não
tinha desafetos políticos, sendo considerado um autêntico diplomata. Fidalgo e
dono de um bom humor espetacular, preferia resolver tudo com uma boa conversa
regada a cerveja e muita música. Eminentemente musical, Miro era aficionado
pela boa MPB e foi, ainda, amigo do compositor Tito Madi, que também era nascido em Pirajuí, terra natal também da socialite Carmen Mayrink Veiga, nascida Solbiati, e da ex-primeira Dama do Estado de São Paulo, d. Maria Zilda Gamba Natel, mulher de Laudo Natel; todas personalidades com as quais ele conviveria em sua mocidade.
Miro
Repas costumava fazer as coberturas da Prefeitura, às vezes, sem precisar
sequer ouvir os prefeitos. Pela experiência e convivência com os políticos, já
sabia qual seria a resposta. Respeitado,
Miro tornou-se "guru" político. Muitos candidatos e até eleitos a
diversos cargos o procuravam com frequência para conversar sobre a gestão
mogimiriana e, é claro, recebiam valiosas dicas. E o jornalista da velha
guarda, Miro acompanhou a modernização na área de comunicação e era destaque
nas redes sociais. Mantinha sua página no Facebook sempre atualizada com textos
informativos e que faziam muita gente refletir. Ele deixa a esposa Mariti, com
quem tinha dois filhos.
As
almas iluminadas têm passaporte carimbado pelos deuses do Olimpo. Essa bênção,
com certeza, conduziu Miro Repas para a galáxia mais elevada das constelações
do Criador. Descanse em paz, nobre jornalista e acadêmico. E que essa
mesma santa paz lhe sirva para moldar traços arquitetônicos no seu eterno
panteão da saudade. Argemiro Cifuentes Repas (1936 - 2022).